Na manhã desta sexta-feira (27), a Polícia Federal cumpriu mandados de prisão e busca e apreensão em Palmas na 10ª fase da Operação Sisamnes. Entre os alvos está o prefeito Eduardo Siqueira Campos (Podemos), cuja prisão preventiva foi decretada pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele é suspeito de participar do vazamento de informações sigilosas de inquéritos em tramitação no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Além do prefeito, foram presos em flagrante o advogado Antônio Ianowich Filho e o policial civil Marcos Albernaz, que integra a equipe de segurança de Siqueira Campos. Também foram cumpridos três mandados de busca e apreensão, todos em endereços ligados aos investigados na capital. Segundo a PF, há indícios de que o trio monitorava investigações em andamento, repassando dados confidenciais a aliados políticos para frustrar ações da corporação.
Documentos e conversas interceptadas nos celulares dos investigados teriam revelado o acesso antecipado a inquéritos sigilosos. Em um dos diálogos, o prefeito chega a afirmar: “Esse Noronha, há 15 ou 18 anos, ele me chamou em Brasília e falou para mim: ‘Siqueira, só para avisar ao teu pai que vão ser afastados quatro desembargadores’”, em clara referência ao ex-presidente do STJ, ministro João Otávio de Noronha. Em outra gravação, Siqueira Campos relata ter recebido diretamente de um ministro do STJ detalhes de operações ainda não deflagradas pela PF.
A PF sustenta que as informações vazadas beneficiavam operações de blindagem de aliados e permitiam a sabotagem de investigações, como as batizadas de Fames-19 e Maximus. Segundo a corporação, o esquema contava com a participação de agentes públicos, advogados e operadores externos, que atuavam em conluio para construir redes de influência e proteger interesses políticos. Na 9ª fase da Sisamnes, em maio, o prefeito já havia sofrido buscas e teve o passaporte retido, mas não chegou a ser preso.
O cumprimento das ordens judiciais reforça o esforço conjunto entre PF e STF para preservar o sigilo das investigações e combater obstruções que comprometem a eficácia das apurações criminais. Até o fechamento desta reportagem, a defesa de Eduardo Siqueira Campos não havia se manifestado sobre a prisão preventiva.