Wanderlei Barbosa acusa Laurez Moreira de articulação política e promete lutar para retomar governo

O governador afastado do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), publicou um vídeo em suas redes sociais no final da tarde desta quarta-feira, 3 de setembro, em que afirma ser vítima de perseguição política. Na gravação, ele acusa diretamente o vice-governador Laurez Moreira (PSD) de ter articulado seu afastamento do cargo e diz estar a caminho de Brasília para acompanhar os desdobramentos do processo no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

“Eu sabia o que ele [Laurez] estava fazendo. Tinha informações diárias dele em Brasília, tentando o tempo inteiro me afastar do mandato, de uma função que fui eleito com quase 500 mil votos”, declarou Wanderlei. Ele também afirmou que enfrentou uma “saga de perseguições” nos últimos dois anos e prometeu lutar para restaurar seu governo, que, segundo ele, “mudou os rumos do Tocantins”.

Durante o vídeo, o governador afastado exaltou os feitos de sua gestão, como investimentos em infraestrutura, educação, saúde e segurança pública, além de avanços econômicos. Agradeceu as mensagens de solidariedade que tem recebido e pediu apoio popular: “Estamos de pé, na luta por um Estado que queremos ver cada vez melhor”.

Mais cedo, a Corte Especial do STJ confirmou por unanimidade o afastamento de Wanderlei Barbosa e da primeira-dama, Karynne Sotero, por um período de 180 dias. O relator do caso, ministro Mauro Campbell, apontou indícios de que o governador e aliados estruturaram um esquema de desvio de recursos públicos em contratos de fornecimento de cestas básicas durante a pandemia de Covid-19.

As investigações da Polícia Federal, no âmbito da Operação Fames-19, revelam movimentações financeiras suspeitas que ultrapassam R$ 73 milhões. Parte dos recursos teria sido utilizada para cobrir despesas pessoais da família Barbosa e para investimentos em empreendimentos de luxo, como a pousada Pedra na Canga, localizada em Taquaruçu.

A operação também atingiu a Assembleia Legislativa do Tocantins, onde dez gabinetes de deputados reeleitos foram alvo de mandados de busca e apreensão. Ex-parlamentares também são investigados por supostamente destinarem emendas ao programa de cestas básicas. O prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos (Podemos), também foi alvo de buscas.

Com o afastamento de Wanderlei, o vice-governador Laurez Moreira assumiu interinamente o comando do Executivo estadual. Ele passou a despachar do Palácio Araguaia ao lado de parlamentares aliados e tem adotado um discurso de cautela diante da crise política que se instalou no Tocantins.

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